sábado, 5 de setembro de 2009

vida de calouro é engraçada ¨


Agnaldo e Markim passando mandioca =D

Quase me esqueci de descrever pra vocês os 2 dias mais estranhos da minha vida: os dias de trote. É bem verdade que eu me diverti, e muito. É algo que vai ficar marcado pra sempre na minha memória, e eu me lembrarei com saudade de como era inocente e vivaz antes de entrar na mecânica e inválida vida adulta.
Apareceu um veterano na porta da sala, ele esfregou as mãos e lançou um olhar furtivo que abrangia a sala toda. Pronto, ficamos em pânico, perdemos o fio da meada e embolamos o quadro coberto de letras gregas e equações. Legal, 13:00, o professor fechou a sala e ficamos lá, a mercê das maldades alheias.
- Todo mundo pro banheiro trocar de roupa!
Vestimos nosso uniforme de mendigo.
- Agora vocês vão fazer o elefantinho.
Não tava me cheirando bem.
- E como é que faz isso?
-Você passa a mão pelo meio da perna e segura a mão do de trás, e desce até o pátio.
Legal, a gente estava no 5° andar.
Elefantinho feito, vamos descer as escadas.
-Ei, você da frente, balança a tromba direito!
Carol mexendo o braço meio Claudinho e Buchecha.
-O de trás, o último da fila, balança esse rabo!
Daí eu pergunto:
-A gente vai atravessar o pátio desse jeito, minha calça tá caindo...
-Elefante fala?
Calei-me e rachei o bico de rir.
Atravessamos o pátio LOTADO, ficamos na calçada. Uma multidão de veteranos com potes grandes de guache nos aguardava.
-Em fila, formato elefante, até lá na frente.
Tá bom.
Um por um, roupa imunda, cara pintada, cabelo melado e com porpurina. Ruim? Que nada , ruim tavam os meninos. O cabelo deles ficou cheio de buraco. O do Rafa rasparam atrás e deixaram dois tufinhos na frente, com os quais fizeram chifres com guache vermelho. Ele tava o capeta em pessoa.
-A gente já pode ir pro batente?
-Já disse que elefante não fala, mas vou abrir uma exceção. Ainda não acabou.-O guri, traz a mandioca!
Trouxeram uma mandioca enorme.
-Vocês vão botar a mandioca perto do joelho, passar a mandioca pela frente e receber ela por trás.
Rachei o bico de novo. Ou melhor, todo mundo rachou o bico de rir. Foi muito engraçado, a gente se encaixando pra passar a mandioca, sujo de tinta, sendo fotografado.
-Agora sim vocês vão pro batente, só lembrando que a meta é 200 reais por calouro.
E por aí foi, saímos na cidade com um copo na mão em busca de moedas e um sonho na cabeça a ser realizado.

P.S.1:O trote da UFF consiste em arrecadar brinquedos, alimentos, doar sangue e é claro que uma moedinha não faz mal pra ninguém.

P.S.2:Existe uma Comissão de Trote, responsável por nos vigiar pelas ruas e nos alimentar, assim como prestar qualquer serviço que possamos necessitar.

P.S.3:A instituição é muito séria e competente, e não adimite maus tratos durante a brincadeira.

P.S.4:Se a gente não estiver pintado, o povo não dá moeda. O ato NÃO é imposto a NINGUÉM que não queira. É apenas uma estratégia para conseguirmos uns trocados ;*

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